Um mal silencioso, o glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no brasil e no mundo.
Entrevista concedida à apresentadora Mônica Cunha no Manhã Total de 14/06/2024 na TV Paranaíba Record.
Dados da Secretaria de Estado da Saúde
Recentemente foram divulgados alguns dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais sobre um aumento significativo do diagnóstico de glaucoma em 2023 em comparação 2022.
Ao meu ver, esse aumento reflete a retomada do fluxo de atendimento oftalmológico tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) como no setor privado, que sofreram uma queda considerável durante a pandemia.
Mas além da retomada de atendimentos pós pandemia, o aumento da procura por cuidados relacionados a saúde ocular e consequentemente o aumento do diagnóstico do glaucoma, ocorreu também como efeito positivo das ações de conscientização realizadas ao longo dos últimos anos.
Dois exemplos são a campanha do Abril Marrom, que falamos recentemente em entrevista no programa e também aqui no Blog, além da cartilha “Tenho Glaucoma, e agora?”, lançada pela Sociedade Brasileira de Glaucoma em parceria com a médica oftalmologista Dra. Carina Loiola.
Para baixar a cartilha basta clicar no link abaixo:
Cartilha: Tenho Glaucoma, e agora? – https://www.sbglaucoma.org.br/paciente/wp-content/uploads/2024/05/Cartilha-Glau-Atualizada-2.0-1.pdf
O glaucoma
O glaucoma é uma condição ocular crônica que afeta o nervo óptico e pode levar à perda irreversível da visão se não for tratado adequadamente. É considerado a principal causa de cegueira irreversível no Brasil e no Mundo.
Ela é uma doença multifatorial, ou seja existem alguns fatores de risco que levam ao seu desenvolvimento, como por exemplo, histórico de glaucoma na família, aumento da pressão intraocular, idade acima de 40 anos, afrodescendência, miopia elevada, histórico de lesões oculares e certas condições médicas, como a diabetes.
Existem tipos diferentes de glaucoma?
Sim, existem diferentes tipos de glaucoma, que podem ter fatores de risco ainda mais específicos.
Os chamados glaucomas primários, são aqueles que não possuem nenhuma causa aparente, além da própria genética do paciente. Já os glaucomas secundários apresentam uma causa identificável que levou à doença, como por exemplo: após um trauma ocular, uso de medicamentos (corticoides, entre outros) ou secundários em consequência de alguma doença sistêmica.
O Glaucoma também é subdividido, de acordo com o mecanismo de desenvolvimento da doença, em Glaucoma de Ângulo Aberto ou Glaucoma de Ângulo fechado, sendo o glaucoma primário de ângulo aberto o mais prevalente no Brasil.
Outra forma importante é o Glaucoma Congênito, em que ocorre a má formação durante o desenvolvimento do olho.
Existem ainda outros tipos que não citei, mas é importante que você fique ciente que a classificação precisa é imprescindível para o tratamento correto de acordo com cada subtipo.
Glaucoma tem tratamento?
Uma outra característica relevante do glaucoma, é que ele não tem cura, mas existe tratamento. Inicialmente, esse tratamento é feito com colírios para reduzir a pressão intraocular ou até mesmo com laser, em alguns casos específicos. Quando não conseguimos controlar a doença com o tratamento clínico, aí então indicamos o tratamento cirúrgico, temos acesso a diversas técnicas que podem ser optadas de acordo com cada caso específico, de forma individualizada.
É essencial que os pacientes diagnosticados com glaucoma sigam rigorosamente o plano de tratamento prescrito pelo oftalmologista e realizem exames regulares para monitorar a progressão da doença.
A importância da prevenção e as consultas oftalmológicas de rotina
Depois de trazer um pouco de informações sobre o Glaucoma, a principal mensagem que gostaria de passar a todos é sobre a importância da prevenção.
A principal forma de prevenir o glaucoma é fazendo o acompanhamento regular com o médico oftalmologista. Mesmo que sem sintomas, é na consulta de rotina que ocorre o diagnóstico de doenças assintomáticas como o glaucoma e o tratamento precoce influencia diretamente no prognóstico visual, ou seja, o quanto antes a doença for diagnosticada e tratada, melhores são as perspectivas de preservar a visão e a qualidade de vida da pessoa em questão.